PLANTAS MEDICINAIS

Debates são saudáveis, manipulação da informação não...

É preciso RESPEITAR tanto o saber popular quanto as pesquisas em nosso país.

Acompanhe, abaixo, algumas manifestações sobre a série de reportagens no Fantástico. Visões diversas, de sujeitos sociais divers@s. Olhares sobre o tema que não podem simplesmente ser ignorados.


DESTAQUE: Histórico do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos – PNPMF e do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos


TEXTOS

Carta de uma farmacêutica ao Fantástico (24/09/2010)
"A abordagem num veículo de comunicação de massa, como a televisão, em horário nobre, de um tema altamente relevante para a sociedade como é a questão do uso de medicamentos - neste caso dos fitoterápicos - deveria contribuir para esclarecer e não confundir ainda mais a população. É o que está acontecendo com a série "É bom pra quê?", veiculada pelo programa dominical Fantástico, da Rede Globo. Manifestações contrárias à abordagem da série surgem às dezenas, como a carta da farmacêutica e pesquisadora Andresa Aparecida Beretta, que reproduzimos." (www.fenafar.org.br)

Nota oficial da UEMA sobre matéria da Rede Globo envolvendo o professor Frazão (17/09/2010)

O Fantástico, Drauzio Varella, as plantas medicinais e o lobby da indústria farmacêutica (16/09/2010)
"Esse programa do Fantástico com Drauzio Varella e as plantas medicinais, é apenas uma reação da indústria farmacêutica preocupada com a PNPMF - Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapia, do Ministério da Saúde (que foi lançado em 2006 por Lula e autoridades) e assim eles mobilizam a mídia." (Lucas Santos)

Manifesto a favor da Fitoterapia

A mesma Globo que detonou a pesquisa do professor maranhense com a graviola é a mesma que apresentou com estardalhaço o sucesso medicamentoso da fruta nos Estados Unidos (13/09/2010)
"São grandes as manifestações de repúdio à matéria levada ao ar neste domingo, no Fantástico ( Rede Globo)  pelo médico ateu Drauzio Varela, sobre o trabalho do químico/pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão, Frazão" (Elson Araujo).

Fantástico Denigre Imagem de Imperatriz e Pesquisa do Premiado Dr. Frazão (13/09/2010)
População local chocada com o enfoque distorcido e tendencioso da reportagem. "Um choque. Foi assim que muita gente recebeu a reportagem do quadro “É bom pra que?”, do Fantástico da Rede Globo deste domingo (12), sobre fitoterápicos" (João Rodrigues).

Frazão: a desinformação capciosa do Fantástico (12/09/2010)
"A matéria exibida no Fantástico sobre a pesquisa de Frazão utilizando a graviola como tratamento, foi antes de tudo covarde e unilateral" (Samuel Souza).

Sugestão de Pauta: pesquisas com fitoterápicos no Brasil (02/09/2010)
Da Hebron, que considera que "a exploração responsável de nossa ampla biodiversidade é o caminho mais viável para a Indústria Farmacêutica Nacional", e por meio de "parcerias com os mais conceituados Centros de Pesquisa do Brasil, e alguns internacionais, desenvolve medicamentos que chegam ao mercado com o aval científico e com o rigor técnico exigidos pelas autoridades sanitárias, nas legislações vigentes no país."
Sujando a imagem da pesquisa brasileira (25/08/2010)


VÍDEOS

Entrevista com o Professor Frazão (13/09/2010)
Falando ao vivo ao Jornal da Difusora, o Professor Frazão comenta a reportagem exibida no Fantástico em 12/09/2010.

Graviola, uma arma contra o câncer? (16/06/2007)
Reportagem da Globo sobre o "Milagre das Plantas", veiculada há três anos, elogia descoberta de pesquisador@s "dos Estados Unidos e outros países". Se é de fora é o máximo, se é daqui não vale nada.



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MANIFESTO A FAVOR DA FITOTERAPIA


Meu nome é Degmar Ferro, sou médico há 25 anos, cardiologista e intensivista, acupunturista e homeopata, formado pela UNESP-Botucatu e com residência médica na USP-Ribeirão Preto, autor de livro sobre fitoterapia pela editora Atheneu, e estou muito perplexo, como muitos, pelo quadro que se iniciará no Fantástico sob a responsabilidade do dr. Drauzio Varella, médico de renome e muito respeito que, segundo entrevista publicada recentemente na revista Época, e agora em rede aberta, tentará “destruir” (ao nosso ver) todo esforço de décadas que vem se fazendo para que a fitoterapia possa ser utilizada em escala pública (tanto para ricos como pobres) com grandes benefícios para todos (exceto para indústria farmacêutica que não seja ética), quando forem dadas as melhores condições possíveis de aplicabilidade ética.


Um espaço se abriu no governo, no esforço de muitos, até por recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde ), focando os países pobres e em desenvolvimento, para que um sistema de utilização da fitoterapia se inicie na saúde pública, com correções e ajustes subsequentes, na medida da necessidade de adequação e segurança, com ampla discussão por classes especializadas.


A pretexto das distorções que se apresentam no Brasil como um todo, assim como em todos os sistemas terapêuticos, e em todos países, tentará o médico de renome em questão, se for mantida a coerência da entrevista recente na revista Época, desmerecer esta área terapêutica maravilhosa, culturalmente nata no nosso país pobre, que tem a maior biodiversidade do planeta.



Aliás isto já aconteceu outrora, no século passado, quando do desenvolvimento inicial da indústria farmacêutica, que relegou para último plano a sabedoria e conhecimento dos usos terapêuticos das plantas medicinais e recursos naturais, a pretexto de ter encontrado o elixir de cura de todos os males no isolamento e síntese dos diversos grupos químicos. Não é a realidade que encontramos no modelo de medicina cada vez mais cara, sofisticada e elitizada, sem sanar grande parte dos males que nos afligem, a não ser paliativamente.


Ninguém em sã consciência pode negar e deixar de usar os avanços diagnósticos da ciência atual, a vitória contra muitas epidemias com as vacinas de massa, a diminuição drástica de mortalidade por doenças infecto-contagiosas com os antibióticos, as curas espetaculares com técnicas invasivas em diversos campos (em especial na cardiologia), clonagem de células na recuperação de tecidos degenerados, engenharia genética, entre muitos outros avanços, porém não podemos deixar de ver que existe uma lacuna imensa de doenças crônicas cuidadas apenas paliativamente, por conta de nosso afastamento das leis naturais e dos recursos naturais, entre os quais vamos encontrar como a mais antiga e mãe de todas, a fitoterapia.


A experiência multimilenar (na Índia, China, etc.) e secular no Brasil será (como o foi na revista) pretensamente jogada no lixo como crendice, distorção e enganação, quando não como charlatanismo, por não se enquadrar no modelo de validação de custo milionário de investigação cartesiana (puramente estatística e com variáveis tão somente organicistas e materialistas) onde só quem tem o grande poder aquisitivo pode fazê-lo (as indústrias, grandes laboratórios, etc.) e o fazem somente quando convém aos seus próprios interesses e não ao progresso comum ao todo.


Todos os que acreditam neste método terapêutico natural e o usam, mesmo que sérios e éticos (respeitando-se todos os riscos de toxicidade e interação já estudados farmacologicamente), serão tidos como “idiotas” e a esperança do povo morta… a esperança de ver seu governo e seus médicos organizando, estudando e adequando aquilo que lhe é de direito cultural nos seus anseios. A esperança de ver corrigido os mitos, as distorçoes e abusos, com estudos (adequados à nossa realidade) e que lhes garantam um mínimo de segurança, sem tirar-lhes o direito de utilizar-se de sua cultura como patrimônio valioso inalienável e a oportunidade de poder se tratar com recursos simples e naturais, de forma acessível, validados pela experiência de muitas nações que se perde no tempo.


A impossibilidade financeira e de interesses (públicos e industriais) de validarmos com estudos clínicos multimilionários os 99,9% de recursos naturais existentes em nosso país, não pode mais ser motivo de sermos chamados “tolos ou charlatães” por querermos numa terapêutica mais natural também fazermos uma medicina mais humana, não só “baseada em evidências”, mas sobretudo “baseada no amor ao próximo”, buscando de todas as formas que nos for possível, o alicerce seguro para nossas ações e construções futuras.


Como fomos chamados de “idiotas”, e sem nos ofendermos com isto pois não nos sentimos assim, reservamo-nos pelo menos no direito de dizer ao dr Drauzio e aos que compartilham com ele nesta cruzada contra a fitoterapia, que apesar de rico em cultura, conhecimento, fama e talvez em recursos financeiros, mostra-se muito pobre em sabedoria em não respeitar as verdades e ideais dos outros, naquilo que ainda lhe escapa ao entendimento cerebral, muito estreito e limitado quando olhamos todos dos primeiros degraus no pensamento humano, o todo do conhecimento universal ainda a ser desbravado (e isto só se fará com muita humildade , sem arrogância “científica”).


Este desrespeito se concretiza ao publicar em revista de renome e em rede aberta de tv a “sua verdade científica”, numa “ciência” que não raro se vê na condição de ter de reconhecer reiteradamente como mentira o que tinha afirmado como verdade certa (vejamos os exemplos comuns de medicamentos que foram aprovados pelo FDA como cura, verdade, segurança e depois desaprovados como risco e enganos).
O paradigma de compreensão e estudo, antes de aniquilar os que pensam diferente, precisa ser eticamente ampliado em variáveis novas, com redução de custos, com isencão de interesses, com a compreensão de outros campos de entendimento global do ser, mas sobretudo com amor a tudo e ao todo.


Seria muito digno, se o meu colega médico dr Drauzio, ao meu modo simples de ver, se limitasse com todas as forças de persuação que possui no respeito público que conquistou com seus próprios méritos, de apenas mostrar e corrigir as distorções sabidamente existentes no sistema em questão, evitando os abusos e os riscos de desinformação, e lutando por aprimorá-lo, se assim tivesse interesse. Mas perde a oportunidade de ajudar, causando pelo contrário, o desserviço do recuo imediato daqueles que estão se alistando (ainda sem a convicção da experiência) no desenvolvimento deste campo imenso de possibilidades, quando publica em revista que, aqueles que confiam no aprimoramento do método fitoterápico, são verdadeiros idiotas por quererem conhecer, utilizar, desenvolver e estudar o que temos de mais rico em nosso pais (em cultura e biodiversidade) sem depender da indústria de interesses nem sempre felizes.


Os protestos de conselhos de classe, associações, entidades ligadas à fitoterapia, instituições de pesquisa, usuários fiéis que se curaram com a fitoterapia (na falha do convencionalmente aceito) se multiplicam por todo país, numa nação democrática que somos e a mais rica em plantas medicinais do planeta. Eis então o meu protesto legítimo, de direito, que quero enviar para Globo, revista Época, ANVISA e todos os órgãos afins, antes da série “serve para quê??” no programa “Fantástico-Globo” já neste domingo, e sem perder o respeito por tudo que o dr. Drauzio já fez pelo nosso país em termos de orientações e esclarecimentos nos diversos quadros sobre saúde que apresentou na Globo.


Espero que todos que compartilham com esta idéia e com este ideal, se juntem ao manifesto global, para que nesta triste oportunidade que o dr Drauzio nos proporciona, possamos manter o direito de aprimorarmos nossas escolhas terapêuticas (como médicos e pacientes) dentro da ética e do respeito mútuo, sob as bençãos de Deus, dando sustentabilidade à iniciativa governamental tão esperada no campo da fitoterapia.


Degmar Ferro

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Histórico do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos – PNPMF e do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

Prezad@s,


Repasso um informe para reforçar esse importante debate.


O Governo Federal, por intermédio dos seus Ministérios afins,  além de criar a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável – CNPCT, também criou outros comitês e conselhos, como o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituído pela Portaria Interministerial 2.960 de 2008.
O referido Comitê é composto por órgãos do governo e por entidades da sociedade civil, sendo alguns também membros da CNPCT, como: MCT, MinC, MDA, MEC, MDS, MS, MMA, Articulação Pacari (Representante do Bioma Cerrado), GTA (representante do Bioma Amazônia) e ACBANTU e CNS (representantes de Povos e Comunidades Tradicionais).


Cabe destacar que este Comitê está elaborando um projeto de Pesquisa Nacional do Uso Tradicional e Popular de Plantas Medicinais, assunto esse de extrema relevância para Povos e Comunidades Tradicionais.
Vejam um histórico do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos – PNPMF e do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, além de uma síntese da última reunião ocorrida no dia 21/09/10.


Histórico:


Em 2006, o governo federal aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, por meio do Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, a qual se constitui em parte essencial das políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população brasileira.


Nesse sentido, o governo federal instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para elaboração do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos – PNPMF que, em conformidade com as diretrizes e linhas prioritárias da Política Nacional, estabelece ações pelos diversos parceiros, em torno de objetivos comuns voltados à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso País, ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde.


Em dezembro de 2008 foi assinada a Portaria Interministerial nº2.960, pelo Ministério da Saúde e outros nove ministérios instituindo o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Com vistas a atingir o objetivo da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos que visa “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”.


Além do programa, a Portaria também cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, coordenado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. O Comitê, com caráter consultivo e deliberativo, tem a missão de monitorar e avaliar o Programa Nacional e é formado por representantes do governo e da sociedade civil.


Dentre as competências do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos existe a de acompanhar a consonância da Política e do Programa com as demais políticas nacionais.


O Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos é composto por representantes indicados pelos respectivos Ministérios e entidades vinculadas e por representantes da sociedade civil indicados pelos Ministérios de acordo com sua área de atuação, compreendendo um titular e um suplente, abaixo relacionados:
I – Casa Civil;
II – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
III – Ministério da Ciência e Tecnologia;
IV – Ministério da Cultura;
V – Ministério do Desenvolvimento Agrário;
VI – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
VII – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
VIII – Ministério da Educação;
IX – Ministério da Integração Nacional;
X – Ministério do Meio Ambiente;
XI – Ministério da Saúde;
XII – Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
XIII – Fundação Oswaldo Cruz;
XIV – Representante da Agricultura Familiar;
XV – Representante da Agricultura;
XVI – Representante do Bioma Amazônia;
XVII – Representante do Bioma Caatinga;
XVIII – Representante do Bioma Cerrado;
XIX – Representante do Bioma Mata Atlântica/Ecossistemas Costeiros e Marinhos;
XX – Representante do Bioma Pampa;
XXI – Representante do Bioma Pantanal;
XXII – Representante da Indústria;
XXIII – Representante da Manipulação;
XXIV – Representante da Pesquisa;
XXV – Representante de Povos e comunidades tradicionais;
XXVI – Representante de Serviços de Saúde – Gestor Municipal e Estadual do SUS.


A coordenação do Comitê fica a cargo do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – SCTIE/MS.
 
há-braços,


Geraldo Vitor


Coordenador de Promoção da Diversidade,  Difusão e Intercâmbio Cultural
Ministério da Cultura - Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural - SID
Tel:  55. (61) 2024-2378       Fax:  55. (61) 2024-2369
ge.vitor@cultura.gov.br            http://www.cultura.gov.br/